setembro 27, 2015

UBUNTU: A ÁFRICA EM NATAL


UBUNTU
Documentário mostra rotina de estudantes africanos em Natal 
 Fotografia: NOVO JORNAL  
 
Ubuntu é uma filosofia africana cujo significado se refere à humanidade com os outros. Trata-se de um conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade. Para os africanos, ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo. Ubuntu significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os homens.

 UBUNTU
A ÁFRICA EM NATAL
DOCUMENTÁRIO MOSTRA ROTINA DE ESTUDANTES AFRICANOS EM NATAL

Por
Redação NOVO JORNAL

Veronio Correia, 32, sustenta seu diploma em Estatística pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde o final do ano passado.  Ele se mudou para Natal em 2005 para estudar, vindo da Guiné-Bissau após passar nas provas do “Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G)” - mas o seu caso não é isolado.

A presença de estudantes africanos na UFRN é tão representativa que despertou o interesse do realizador audiovisual Herison Pedro, 28, e da mestranda em Ciências Sociais Marlla Suéllen, 26, que juntos produziram o curta-metragem documental “Ubuntu”, vencedor do edital “Curta Afirmativo 2013” (Ancine/MinC), exclusivo para cineastas afro-brasileiros, lançado no final de 2013.

Com duração de 15 minutos, o filme já está finalizado e conta as histórias de outros quatro estudantes universitários africanos, além de Veronio. As filmagens foram realizadas, no entanto, com cerca de 10 estudantes entre junho de 2014 e maio deste ano.

Todos os personagens acabaram conduzindo os jovens realizadores audiovisuais para uma sigla até então desconhecida por eles: “PEC-G” ou “Programa de Estudantes-Convênio de Graduação”, existente há mais de 50 anos, que oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.

O programa é mantido pelos ministérios das Relações Exteriores” e da “Educação, em parceria com universidades públicas e particulares, selecionando estrangeiros entre 18 e 23 anos, com ensino médio completo, para realizar estudos de graduação no Brasil.

“Na verdade a pessoa se candidata na embaixada e escolhe duas cidades de preferência, faz a prova e aguarda o surgimento da vaga no curso que desejou”, explica Veronio, lembrando-se do processo pelo qual passou em 2005.

Na época, sua segunda opção de destino era a cidade de Fortaleza. Veronio preferia se mudar para a capital potiguar por conta dos amigos que estavam aqui, vindos justamente através do programa de graduação. “A minha mãe também já tinha passado por aqui há alguns anos e eu acabei dando sorte porque a vaga surgiu em Natal mesmo”, explica.

Além de precisar se adaptar aos costumes potiguares, Veronio também teve que se conformar sobre os novos rumos de seu destino, já que em Guiné-Bissau estava no terceiro ano de Direito e pensava em migrar para o curso aqui no país após ingressar em Estatística, mas a mudança não foi permitida pela UFRN.

“O programa permite essa mudança, mas a universidade não. Então precisei cursar Estatística até o final, o que foi muito difícil. Para você ter uma ideia, dos 50 estudantes que entraram junto comigo na turma, apenas seis se formaram”, comenta Veronio, que agora se prepara para a prova de mestrado na área contábil.

Embora o sonho de cursar Direito tenha ficado para trás, Veronio acabou encontrando na UFRN ainda um motivo bem maior para permanecer lá. “Casei e agora estou morando com minha esposa Silvânia Melo, que conheci enquanto ela cursava Serviço Social também na UFRN”, conta, um pouco envergonhando.

PRIMEIRA EXIBIÇÃO EM RECIFE

A primeira exibição de “Ubuntu: a África em Natal” está marcada para a semana que vem durante o Festival Internacional de Cinema Etnográfico do Recife (FIFER), a ser realizado entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro.

Em Natal, a primeira sessão ocorrerá um pouco depois, no dia 20 de outubro, durante a Cientec 2015, junto com a exibição do curta cearense “Negro lá, Negro cá”, dirigido por Eduardo Cunha Souza, sobre a presença de estudantes africanos em Fortaleza.

“Durante as pesquisas  identificamos que São Paulo e Fortaleza possuem a maior concentração de estudantes africanos pelo PEC-G. Natal é um pouco menos expressiva”, define, informando ainda que a maioria dos estudantes éde dois países africanos: Guiné-Bissau e Cabo Verde.

“A maioria sai de seus países por conta dos conflitos mesmo, mas são casos específicos. Em Guiné-Bissau, por exemplo, existe um déficit nas universidades; então eles vêm ao Brasil à procura da melhoria na educação”, reforça. Atualmente, a UFRN recebe estudantes dos seguintes países africanos: Cabo Verde, Guiné-Bissau, Nigéria, Camarões, Togo, Congo, Benim e Senegal.

Até o final do ano, Herison pretende lançar o filme também em Guiné-Bissau e Cabo Verde para colher novos depoimentos de estudantes que esperam vir para o Brasil através do programa. O objetivo é unir material suficiente para transformar o filme em um longa-metragem.

“Todo esse documentário que a gente tá lançando agora se passa aqui em Natal, contando a visão que esses estudantes possuem aqui. Mas queria muito filmar esse processo de lá”, explica Herison, enquanto Marlla reforça um pouco dos conceitos explorados em “Ubuntu”.

“Olha, a gente fechou muito o ‘doc’ nessa relação com a universidade, tanto que entrevistamos alguns dos funcionários mais antigos e a própria reitora. Tem muito sobre a noção do estrangeiro que não imagina como seja o Nordeste, além do preconceito que sofrem por parte até dos próprios professores”, resume.  

 ...fonte...
 www.novojornal.jor.br
 
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