setembro 18, 2014

A CATITA DE VOLTA AO LAR

 
CATITA
Com decisão da Justiça Federal, locomotiva Catita retornará ao RN
A locomotiva ficará sob a responsabilidade do Instituto dos Amigos
do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural e da Cidadania (IAPHACC)
A Catita foi levada para Recife em 1975 no intuito de ornamentar
o escritório regional da RFSA
Fotografia: Divulgação  

 A CATITA DE VOLTA AO LAR

Via
JORNAL DE HOJE 

Depois de transitar em julgado a sentença favorável da Justiça Federal do Rio Grande do Norte, a locomotiva Catita nº 03 retornará ao Estado potiguar. No dia 11 de outubro, o transporte, que marcou a história do Rio Grande do Norte, chegará a Natal e será levado para o Museu Ferroviário Manoel Tomé de Souza, sediado no bairro das Rocas, na capital potiguar.

A última etapa para entrega da locomotiva Catita foi cumprida este mês, quando o Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, titular da 4ª Vara Federal, assinou despacho com ordem de entrega da locomotiva, que estava no Museu do Trem na cidade de Recife.

A locomotiva ficará sob a responsabilidade do Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural e da Cidadania (IAPHACC), presidido por Ricardo da Silva Tersuliano. “Esse é o maior resgate da história do Rio Grande do Norte. Só temos a agradecer ao Judiciário Federal do nosso Estado”, disse Ricardo Tersuliano.

ENTENDA O CASO

Em julho de 2013, a Juíza Federal Gisele Leite, da 4ª Vara Federal, determinou que o Governo do Estado de Pernambuco e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional entregassem a locomotiva nº 03 conhecida como Catita e seu reboque ao Estado do Rio Grande do Norte.

A magistrada acolheu os argumentos do Ministério Público Federal, sustentando a importância histórica da Catita, que se encontra no Museu Ferroviário de Recife em mau estado de conservação.

“A locomotiva reclamada encontra-se, há muito, abandonada à própria sorte, à mercê de toda sorte de intempéries, sem, portanto, qualquer garantia de preservação do seu valor histórico e cultural”, destacou a magistrada na sentença.

Em abril deste ano, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, ao analisar o recurso da sentença, confirmou a determinação para que a locomotiva retornasse ao Estado potiguar. O TRF5 negou provimento ao recurso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e manteve a decisão da 4ª Vara Federal do Rio Grande do Norte que acolheu o pedido feito na ação ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) com a finalidade de fazer retornar ao Estado potiguar a locomotiva Catita nº 03.

“Verifica-se, através das fotografias anexadas aos autos, que a máquina está guardada em parte externa do prédio da Estação Central do Recife, submetendo-se às intempéries, as quais, com certeza, destruirá o equipamento, que ora se encontra em lastimável estado de manutenção”, afirmou o relator desembargador federal convocado Ivan Lira de Carvalho.

O valor da locomotiva Catita está na sua própria história. Em 1916 esse foi o transporte usado para puxar a composição que conduziu importantes figuras do cenário potiguar, Joaquim Ferreira Chaves, Januário Cicco, Henrique Castriciano e Juvenal Lamartine, para a inauguração da Ponte de Igapó, maior obra ferroviária da Região Nordeste à época. Na ocasião, percorreu-se todo o estuário do Potengi. A Cattita também foi usada para o transporte do ex-presidente da República Washington Luiz.

Restauração da antiga Refesa nas Rocas já foi iniciada
A história e memória da cidade também serão prestigiadas
com a criação do Museu do Trem de Natal
 Fotografia: Joanisa Prates  
 
NATAL GANHARÁ "UM MUSEU DO TREM" NAS ROCAS

Quando o pesquisador Ricardo Tersuliano (Cobra), pensou em criar um “CD ROM” que reunisse texto e imagens sobre os principais pontos históricos de Natal, há 14 anos, passou a resgatar, quase por acaso, um capítulo importante da história da rede ferroviária no Rio Grande do Norte. Naquela época, sua intenção era criar um Instituto do Patrimônio Histórico do RN. A ideia funcionou até o momento em que começou a estudar a Ponte de Ferro de Igapó. “Aí eu descobri a Catita”, explica.

Quando Ricardo conheceu a história da Maria Fumaça que, em 1916, inaugurou a Ponte de Ferro de Igapó, prontamente abandonou o projeto inicial do “CD ROM” e passou a dedicar seus esforços para trazer a “Catita” de volta à Natal. Em 1975, a locomotiva foi transferida para Recife, onde ficou ornamentando o hoje extinto Museu do Trem da capital pernambucana.

“Nessa viagem inaugural (da ponte de Igapó) estavam presentes o governador e convidados como Câmara Cascudo, aos 10 anos acompanhado de seu pai (Coronel Cascudo), (médico) Januário Cicco e José Augusto, que hoje nomeia a Fundação de Cultura do RN”, detalha o pesquisador.

A partir de 2004, Ricardo fundou o Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Cultural do RN, o IAPHACC, para facilitar na “papelada” que envolvia o retorno da Catita, porque até então todas as reivindicações estavam sendo feitas no seu nome. "Com o IAPHACC ganhamos força”, justifica.

Hoje, ele explica que a Catita está abandonada em um galpão anexo ao extinto Museu do Trem de Recife. Por enquanto. A locomotiva será a principal atração do Museu do Trem,  cuja inauguração está prevista para maio de 2015, na Rotunda, prédio histórico que pertenceu à antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal) nas Rocas.   

O nome do museu, Manoel Tomé de Souza, será uma justa homenagem ao mecânico que salvou a pequena locomotiva de virar sucata no final da década de 1950, quando a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) resolveu substituir todas as locomotivas a vapor por máquinas a diesel.

 Locomotiva Catita nº 3 e seu reboque, pertencem ao patrimônio
 ferroviário do Estado do Rio Grande do Norte
 Fotografia: Divulgação

  O COBRA E A CATITA

O criador do IAPHACC é um homem obstinado. Sua obstinação, no entanto, atende pelo nome de Catita, a histórica locomotiva que inaugurou os trilhos da ponte de ferro de Igapó, em 1916, e os da ponte de concreto Presidente Costa e Silva, em 1970. Ele conta que, assim como a Catita, existiam outras 25 locomotivas a vapor circulando pelo Estado até o momento em que a Rede Ferroviária Federal S.A. foi criada em 1957, incorporando todas as estradas de ferro existentes na época. “Com a empresa estatal chegando junto, a modernização também chegou e as máquinas a vapor começaram a ser retiradas”, conta.

Ainda de acordo com suas pesquisas, as 26 máquinas a vapor foram estacionadas no pátio da RFFSA, localizado nas Rocas, esperando serem vendidas. Na ordem, a Catita era a última da fila e foi salva inicialmente pelo acaso. “Felizmente cresceu um mato que acabou camuflando a Catita, enquanto as outras eram negociadas primeiro para diferentes compradores”, diz.

Mas o verdadeiro “pai” da Catita, Ricardo conta que foi seu Manoel Tomé de Souza, conhecido por seu Manozinho, que era chefe das oficinas da RFFSA e negociou com os compradores a permanência da locomotiva. “Ele trocou com os compradores a Catita por alguns ferros que não estavam sendo usados na oficina”, explica.

Ao invés de ser vendida, a Catita ficou guardada na oficina da RFFSA, sendo usada por seu Manozinho para manobrar vagões. “Em 1970, quando a primeira ponte de concreto foi inaugurada, ele decidiu colocar também a Catita para fazer parte do momento. A Maria Fumaça, que tinha inaugurado a primeira ponte de ferro, agora inaugurava a primeira de concreto”, conta.

Cinco anos depois, em 1975, com a inauguração da nova sede da RFFSA, em Recife, os executivos da Rede Ferroviária que já tinham visto a Catita quando estiveram em Natal para a inauguração da ponte de concreto, mandaram buscar a locomotiva para ornamentar o novo escritório. “Anos depois o escritório foi vendido e, desde então, a Catita não recebeu mais atenção”, garante Ricardo.

Quase 11 anos após a criação do IAPHACC, que atualmente conta com cerca de 20 sócios, Ricardo Cobra finalmente está prestes a realizar o maior sonho da instituição: instalar o Museu do Trem de Natal, com a presença, claro, da Catita.

...fonte...
www.jornaldehoje.com.br
www.novojornal.jor.br 
www.amantesdaferrovia.com.br 

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