outubro 24, 2011

UM ENSAIO SOBRE A VELHICE


"Todos desejam chegar à velhice; e quando chegam a ela, acusam-na”
Cícero (106-43 a.C.)

 FOTOGRAFIA
A DOR E O PRAZER DAS RUGAS

Por
Jornal De Fato

Gerar através da imagem conteúdo sobre a velhice, de forma a desconstruir preconceitos, instigar questionamentos e produzir conhecimento sobre o assunto em foco. Esses são os principais objetivos da próxima exposição que ocupará a sala Sala Joseph Boulier, 1º Andar do Memorial da Resistência, Mossoró/RN a partir do dia 4 de novembro, dentro da Vernissage 'A dor e o prazer das rugas'. A Exposição é assinada pela ensaísta Lígia Guerra e o repórter-fotográfico Fred Veras.

"A exposição fotográfica tem como foco despertar e motivar o ser em sua subjetividade para a compreensão de que o processo de envelhecimento e a velhice são questões que interessam à sociedade em geral e assim contribuir na construção de uma sociedade para todas as idades", explica Lígia.

A ideia da exposição surgiu como uma forma de divulgar a tese de doutorado de Lígia intitulada La Belleza de las Arrugas: Un estudio sobre la vejez en el Nordeste Brasileño, produzida na Espanha.

“Saber envelhecer é a grande sabedoria da vida”
Henri Amiel

Lígia e Fred se conheceram através de uma série de reportagens realizadas pela Revista DOMINGO em 2008 sobre a velhice no Brasil, no Estado e em Mossoró, a partir de pesquisas incluindo a de Lígia sobre a velhice na cidade e que, mais tarde contribuiu para a publicação do livro "Um Olhar sobre o Idoso: Percepções sobre a velhice em Mossoró", de autoria da jornalista Izaíra Thalita.

A partir do dia 4, os horários para visitação gratuita serão das 17 às 21h, todos os dias, e seguem até o dia 26 de novembro.

Os 100 primeiros convidados, na abertura, receberam de presente o Livro Longa Vida e Cidadania - Estatuto do Idoso. E em 2012, a exposição passará a ter caráter itinerante, previamente agendada para 8 (oito) escolas da Rede Pública do Ensino Médio, em Mossoró/RN.

“Envelhecer é inevitável. Portanto, realize...”
Bárbara Coré

 POPULAÇÃO ENVELHECIDA

Lígia explica que é oportuno realizar a exposição em Mossoró/RN, onde o aumento contínuo da população com idade acima de 60 anos não escapa à tendência.

Segundo Lígia, atualmente o número de idosos é de 24.238 (Censo IBGE 2010), o correspondente a 9,32% da população total. Como um fenômeno novo e irremediável, o processo do envelhecimento humano, somado a outros problemas estruturais inerentes de um país desigualmente desenvolvido, exige mudanças profundas e decididas por parte de todas as estruturas sociais e institucionais.

"Nesse sentido, Mossoró precisa ser acolhedora e segura para as pessoas maiores de 60 anos e para aqueles que envelhecem", ressalta.

A Exposição contará com trinta e uma fotografias (tamanho diversos) clicadas no Brasil por Fred veras; Espanha, França, Itália e Marrocos por Lígia Guerra. Coloridas ou em preto e branco podem propiciar à comunidade o acesso a imagens de pessoas idosas em sociedades globais, com níveis de desenvolvimento diferentes, bem como chamar a atenção dos visitantes para as diferentes formas de envelhecer, carregadas de sabedoria, prazer, redescobertas e revalorizações. 

"Pretendemos que - a partir da exposição - que se rompa com o modelo de velhice temida e inaceitável; construa-se uma imagem positiva do envelhecer, que não deve significar unicamente uma prolongação da vida, mas que possível seja a velhice em uma fase saudável, autônoma, ativa e de plena integração social, e que possa também colaborar com a construção de uma sociedade inclusiva para todas as idades", completa Lígia.

“Envelhecer é o único meio de viver muito tempo”
Charles Saint-Beuve

  LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM OS IDOSOS 

Por
Izaíra Thalita

Um olhar de quem quer mais do que uma conversa solta na calçada, num final de tarde. É um olhar carente de quem quer atenção e carinho. As mãos enrugadas, a roupa com cheiro de perfume suave, os cabelos presos e bem penteados, que não se escondem do passado de tantas histórias.

Olhar de quem muito viveu, mas que nem sempre foram momentos bons. Talvez momentos felizes, momentos de uma alegria que agora só é lembrada ao rever os álbuns de fotografias.

Por um minuto, me coloquei no lugar daquela senhora de 80 anos, que reclamava da saudade dos filhos, de quando os colocou no colo e de quando ficou horas a cuidar das febres, das gripes e dos medos deles. Por um minuto, me senti na cadeira de balanço, a imaginar uma velhice num futuro tão incerto quanto é o nosso mundo.

Não há como negar, o olhar me lembrou a vulnerabilidade de uma criança. Podemos ser fortes, ter enfrentado um mundo de desafios, mas na velhice teremos ‘aquele’ olhar, de quem parece pedir proteção.

Aprendemos com os idosos a percebê-los, a resgatar a nossa inocência que ficou para trás quando éramos crianças, a pedir mais carinho, a educar nossos filhos para que nos respeitem quando velhos, mesmo que as palavras não saiam mais com aquela lógica, mesmo que embaçadas pelas dores. É como olhar para si mesmo, alguns anos à diante.

...fonte...

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